No final da tarde ontem (14/10/2024), equipes da 9ª DP prenderam em
flagrante três indivíduos responsáveis por um esquema de venda de medicação
controlada por baixo do balcão, em especial, zolpiden. Após a interceptação de uma
carga de 450 comprimidos de zolpiden que estava sendo levada por um motoboy de uma
drogaria do Cruzeiro para um viciado no Lago-Norte os policiais retornaram à drogaria e
prenderam o proprietário, o farmacêutico responsável técnico e o balconista, efetivando
uma das maiores apreensões de medicação controlada da história do DF.
A investigação se iniciou após a mãe de uma viciada do Lago-Norte
registrar uma ocorrência, apontando que sua filha precisou ser internada em SP por vício
em zolpiden. No quarto da filha foram encontrados cerca de 180 caixas de zolpiden e os
familiares não sabiam o que fazer com aquela quantidade de medicação controlada.
Com as informações, os policiais passaram a monitorar a farmácia do Cruzeiro
responsável pela venda da droga sem receita, vindo a interceptar uma das entregas. Ao
retornarem à Farmácia, encontraram dezenas de caixas de medicações controladas
exposta à venda sem receita, entre eles, zolpiden, ritalina, canabidiol, alprazolam, e
sibutramina. A farmácia era conhecida por revender a medicação sem retenção da
receita médica obrigatória, ficando conhecida no DF e fornecendo para dezenas de
pessoas.
EPIDEMIA DE ZOLPIDEN.
O uso abusivo do zolpidem, medicamento utilizado para o tratamento da insônia,
alcançou um status de “epidemia” no Brasil, motivando alertas dos médicos e até uma
decisão recente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que alterou os tipos
de receita e as regras para prescrição e venda em farmácias.
O zolpiden possui alta capacidade viciante e pode produzir convulsões caso
repentinamente cessada sua ingestão. Ele também pode causar apagões de memórias,
induzindo as pessoas a fazerem coisas que depois não se lembram. Esse efeito hipnótico
é usado também pelos criminosos para dar o chamado “golpe do boa-noite cinderela”.
“Familiares devem ficar atentos sobre a compra e uso
indiscriminado dessa medicação, avisando a Polícia caso percebam que parentes tem comprado sem acompanhamento
médico e receitas”.
Parte do estopim do uso abusivo do zolpidem, segundo parte da comunidade
médica nacional, foi a flexibilidade no acesso. Até o final da década de 1990, a droga
integrava a lista de “remédios tarja preta” do Ministério da Saúde. Para conseguir
comprá-la, os pacientes deveriam apresentar na farmácia uma receita azul, mais difícil
de se conseguir.
Em dezembro de 2001, no entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) retirou o medicamento do grupo da “tarja preta” e estabeleceu que os
indivíduos poderiam adquirir o medicamento com uma receita de controle especial,
aquela emitida em duas vias, uma para paciente e outra para farmácia. Na prática, ela é
menos rigorosa.
A própria ANVISA percebeu o crescimento exponencial do uso abusivo e a partir
de agosto de 2024 voltou a cobrar o receituário azul (B). Todavia, por falta de fiscalização
administrativa, farmácias estão fazendo compras em grandes quantidades nos
laboratórios e revendendo no mercado paralelo sem alimentar o sistema de controle.
Os criminosos foram indiciados por tráfico de drogas que é considerado hediondo
e possui pena em abstrato de 5 a 15 anos.
“Depois da operação, recebemos informações sobre diversas
outras farmácias que estariam fazendo o mesmo. Iremos mapeá-
las e prender todos que busquem o lucro pelo incentivo ao vicio
alheio. Venda de medicação controlada sem a retenção de
receita obrigatória se equivale ao tráfico de drogas, sendo uma
conduta gravíssima”
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